O registro e a memória ancestral da musicalidade nos terreiros do Sul do Brasil.

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Como tudo começou?

"O toque deveria traduzir a sutileza do movimento das marés conduzidas pela Rainha do Mar, mas da forma acelerada como estava sendo tocado mais parecia um Tsunami" - Baba Diba de Yemonjá.

“O toque deveria traduzir a sutileza do movimento das marés conduzidas pela Rainha do Mar, mas da forma acelerada como estava sendo tocado mais parecia um Tsunami” – Baba Diba de Yemonjá.

O argumento da plataforma nasceu a partir de uma percepção de um de seus realizadores, Bábà Dyba, homem negro, morador do bairro São José em Porto Alegre, sanitarista, ativista social, babalorixá, coordenador nacional da RENAFRO (Rede Nacional de Religiões AfroBrasileiras e Saúde) e presidente do Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul. Ao realizar um Batuque para sua Orixá, Iemanjá, Bábà Dyba percebeu que os jovens alabês (tamboreiros), estavam acelerando o ritmo dos tambores. “O toque deveria traduzir a sutileza do movimento das marés conduzidas pela Rainha do Mar, mas da forma acelerada como estava sendo tocado mais parecia um Tsunami”, relatou de forma bem-humorada o babalorixá. Nascia ali o desejo de resgatar os fundamentos desta tradição cultural africana na região sul do país, frequentemente invisibilizada.

Parte fundamental do Batuque, tradição afro-brasileira de culto aos Orixás, o Ilú Bátá, tambor ritualístico que dita o ritmo dos cânticos, terá sua trajetória recriada em uma plataforma multimídia, abordando questões como a cosmovisão, afrocentricidade e suas relações antropológicas, políticas e culturais, desde sua vinda com a diáspora do continente africano até suas ramificações no sul do país.

Através de entrevistas e do resgate histórico a partir dos toques tradicionais dos mais antigos e antigas alabês do Rio Grande do Sul, o instrumento terá sua história contada, nos apresentando os ritos, as tradições de um passado ainda presente e os apontamentos de um futuro porvir.

O projeto pretende também enfocar o racismo estrutural que acomete os povos africanos e seus descendentes ao negar sua existência, o seu direito à memória, ao protagonismo de suas histórias e sua cultura. A herança desses povos, entretanto, se faz viva, muitas vezes de forma oral, na língua, na música e na culinária. Esse potencial fez com que, mesmo não enquadrados socialmente na ideia e na linguagem convencional, negros e negras marginalizados, pudessem, através da musicalidade, traçar rotas alternativas para manter viva suas memórias ancestrais.

Costurando vídeos de depoimentos e performances musicais, com textos resgatando a história dos ilês (casas de cultos) e a digitalização de fotografias históricas, o projeto abordará a importância da afirmação cultural através dos toques e vivência de terreiro.

Ilú Bátá dará visibilidade às histórias de vida de quem mantêm vivas essas tradições, apresentando uma outra realidade e visões de mundo pela arte, cultura e religiosidade dos grandes instrumentistas alabês e sua importância no extremo Sul do país.

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